O reconhecimento da existência de hipertensão sistêmica em pets nos últimos quinze anos tem demonstrado a importância da medição da pressão arterial de maneira sistemática e padronizada. A correlação entre as técnicas invasivas e não invasivas têm sido muito descritas em pets anestesiados e conscientes.
A monitorização invasiva constitui a forma mais precisa da medida de pressão arterial, entretanto, na prática médico-veterinária, envolve a utilização de cateterismo, sedação ou anestesia do paciente, além de estar associada a complicações como infecção, vasoespasmo e formação de trombos. Por sua vez, a medida da pressão arterial por técnicas indiretas ou não invasivas (PANI) tem sido considerada confiável e consistente se registrada sob condições padronizadas.
As técnicas de monitorização de PANI são preferivelmente utilizadas na rotina clínica devido à maior praticidade de uso e a possibilidade de repetição entre curtos intervalos de tempo, através dos métodos Doppler e oscilometria automática.
O método Doppler vem sendo utilizado com maior frequência, decorrente do desenvolvimento gradual do método oscilométrico, porém, em estudos recentes, o Doppler apresentou discrepância de resultados de pressão arterial medida em animais com menos de 5kg, quando comparados à pressão arterial invasiva, dificultando condutas terapêuticas e reduzindo acurácia diagnóstica.
A oscilometria automática já apresentou conclusões conflitantes com relação à acurácia das aferições, porém, com a melhora dos equipamentos e estudos comparativos entre esta e o doppler, encontra-se em expansão.
Os medidores de pressão oscilométricos de última geração apresentam sensibilidade superior quando comparados aos sistemas mais antigos, apresentando diversas vantagens em relação aos demais métodos não invasivos, entre eles, o doppler.
Existem, no mercado, aparelhos específicos para a prática médico-veterinária com oscilometria de alta resolução, e que permitem a avaliação da qualidade da aferição em tempo real, através da onda oscilométrica. No método oscilométrico o monitor infla o manguito automaticamente e, enquanto desinfla o sistema, mede a oscilação e a amplitude do pulso, determinando os valores de pressão sistólica e média e calculando a diastólica a partir destes valores.
Seliskar e colaboradores (2012) alertam que, em estudo com cães, o método Doppler não atendeu aos requisitos do ACVIM para confiabilidade de aferição de pressão arterial média e diastólica. Já Jepson e colaboradores (2005) relatam em estudo que, ao comparar resultados de uso de Doppler e método oscilométrico, não encontram diferenças significativas entre as médias de leitura da pressão sanguínea sistólica, porém, com relação à pressão sanguínea diastólica, o método oscilométrico mostrou-se estatisticamente superior.
Moll e colaboradores (2018) ressaltam a falta de precisão do método Doppler em animais com peso inferior à 5 kg, sendo que esta medida deve ser utilizada com cautela para que não haja comprometimento da saúde global dos pacientes, com superestimação de pressão arterial e aferição errônea de pacientes hipotensos.
Vale lembrar que, para que as aferições desejam confiáveis e fidedignas, o manuseador deve ter segurança com relação à utilização do equipamento. Saber determinar o local da aferição, o tamanho do manguito, e posicionamento do animal bem como seu estado emocional devem ser considerados.
Dra. Larissa Seibt
Garofalo NA, Teixeira Neto FJ, Alvaides RK et al. (2012) Agreement between direct, oscillometric and Doppler ultrasound blood pressures using three different cuff positions in anesthetized dogs. Vet Anaesth Analg 39, 324e334.
Moll X, Aguilar A, García F, Ferrer R, Andaluz A. (2018) Validity and reliability of Doppler ultrasonography and direct arterial blood pressure measurements in anaesthetized dogs weighing less than 5 kg. 45, 135-144.
Seliskar A, Zrimsek P, Sredensek J, Petric A. Comparison of high definition oscillometric and Doppler ultrasound devices with invasive blood pressure in anaesthetized dogs. Vet Anaesth Analg. 40, 21-27.
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